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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Casa da Serra Negra, IPHAN e IFPI

Comemorarei a entrada em vigor, da lei e do decreto de acesso às informações públicas, colocando neste blog os requerimentos que eu fizer ao Poder Público. Uma lei nova impõe responsabilidades novas e esta lei do acesso à informação é uma das grandes leis já promulgadas no Brasil pois, a partir dela, muita coisa boa pode ocorrer, principalmente se fizermos as cobranças que ela requer para se firmar. Também devemos ser cuidadosos para não infrigir outras leis, na ânsia de usá-la. Como ela é de fato uma lei diferente daquelas que estamos acostumados (é uma lei que faculta ações permanentes e quase ilimitadas!), o poder público está tomando todo o cuidado para atender aos cidadãos.


Lossian Barbosa Bacelar Miranda Miranda
28 jun (1 dia atrás)
para iphan-pi
À SUPERINTENDENTE DO IPHAN NO PIAUÍ


Ilustríssima Senhora:

LOSSIAN BARBOSA BACELAR MIRANDA, brasileiro, etc., e-mail lossianm@gmail.com, servidor público federal, etc., exponho e em seguida peço conforme segue.


DOS FATOS.

Tomei conhecimento através do sítio eletrônico
http://www.mp.pi.gov.br/internet/attachments/Ata%20Serra%20Negra%2002%20de%20julho.pdf
que o IPHAN faz parte do  rol de instituições que estão empenhadas em
proteger a história da “Casa da Serra Negra” .

Durante muitos anos, motivado inicialmente por pesquisas genealógicas,
fui levado a fazer um intenso estudo acerca desta importante casa de
poder político do Brasil Colonial, pesquisa esta, nobilíssima senhora,
muito complexa, e talvez até impossível de ser realizada nos dias
atuais, pois é uma mistura de história oral com história escrita e,
muitas pessoas que me prestaram informações, já não estão mais entre
nós.

Juntamente com o Juiz Federal e Professor da UFPI Carlos Augusto Pires
Brandão (pessoa que como eu teve a infância marcada pelo mito Luís
Carlos da Serra Negra, e seu inigualável mundo fantástico), fiz
recentemente um artigo científico intitulado DEMONIZAÇÃO E MITIFICAÇÃO
DE LUÍS CARLOS DA SERRA NEGRA, artigo este que foi aceito para ser
apresentado, discutido e divulgado no XI ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA
ORAL: Memória, Justiça e Democracia, na UFRJ, Rio de Janeiro-RJ, de 10
a 13 de julho deste ano.

Como sou professor de matemática efetivo do IFPI (etc.)
pedi diárias e passagens para apresentar este trabalho, mas meu pedido
foi negado sob a alegação de que eu sou professor de matemática.


DA LEI.

Diz o Decreto-Lei nº 25, de 30.11.37 (Lei ordinária do Tombamento):

Art. 25º - O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
procurará entendimento com as autoridades eclesiásticas, instituições
científicas, históricas ou artísticas e pessoas naturais e jurídicas,
com o objetivo de obter a cooperação das mesmas em benefício do
patrimônio histórico e artístico nacional.

Nobre Senhora, este sábio artigo, cuja ordem representa o tempo médio
de vida de uma geração humana, faculta à senhora, que ora administra a
mais difícil e também a mais gloriosa das missões de uma nação, abrir
e fechar todas as portas que conduzam à preservação de nossa história.

Nem todos os aspectos relacionados à participação de servidor público
em encontros científicos e culturais, podem ser considerados
capacitação. E também não devemos trabalhar apenas com o conceito
estrito de capacitação, pois a essência deste conceito significa ser
capaz de servir ao Povo.

Devemos, tal como Platão, respeitar a matemática, pois ela, como dizia
Pitágoras, está em tudo, em tudo é usada e de tudo se utiliza. Em
qualquer tipo de evento científico atual, quando o matemático tem algo
a apresentar, Nobilíssima Senhora, os pesquisadores das outras áreas
dão a maior atenção, pois sabem que a sua mensagem é num alto nível de
racionalização e objetividade.

Não sou servidor unicamente do IFPI ou dos alunos que lá estudam. Sou
servidor do Povo Brasileiro. Minha pesquisa servirá a todo o Povo e,
de modo muito especial aos pesquisadores diretamente envolvidos neste
importante projeto de preservação da "Casa da Serra Negra", onde estão
se encontrando de modo exemplar os três poderes da República em seus
três níveis.


DO PEDIDO.

Em face do acima exposto, peço a Vossa Senhoria que busque o
entendimento junto ao Reitor do IFPI para que o mesmo reconsidere o
meu pedido de diárias e passagens para o acima citado evento
científico-cultural.

Nestes termos, peço deferimento.

Teresina-PI, 28 de junho de 2012.


LOSSIAN BARBOSA BACELAR MIRANDA.


Claudiana Cruz dos Anjos
Superintendente do Iphan no Piauí
Endereço: Praça Marechal Deodoro, 790 - Centro
CEP: 64.000-160 – Teresina-PI
Telefone: (86) 3221-1404 / 3321-5538
e-mail: iphan-pi@iphan.gov.br


Observação. etc., são dados pessoais meus.

terça-feira, 5 de abril de 2022

LUIS CARLOS DA SERRA NEGRA: LITÍGIO CEARÁ-PIAUÍ E A CAMINHADA DA JUSTIÇA

Inventário

Luis Carlos da Serra Negra morreu na Serra Negra

1) Outubro de 1811 na fazenda do Jucá, Ribeira do Caratheus, Termo da Vila de Marvam, Comarca de Oeiras.

2) Fazenda de Santa Roza

posses: fazenda da Pedra d'água (Patrocínio)

Sítio do Angicos

Santa Ana (3 léguas).

Encerramento em 8/out/1811 (Fazenda Jucá).

3) fazenda do Serrote (início em 21/out/1811 - encerramento em 21/out/1811). 

Fazenda do Serrote na Ribeira do Caratheus.

4) fazenda Sam Luiz (22/out/1811 - 22/out/1811).

Ribeira de Caratheus.

5) Fazenda Riacho do Mato (23/out/1811 - 23/out/1811).

Ribeira de Caratheus

fazenda do Rosário (3 léguas, fazenda desde 1809).

6) Fazenda Santo Antônio (Ribeira do Caratheus) (24/out/1811 - 24/out/1811).

mais 7 leguas rio abaixo (Da Barra do Riacho dos Cavalos até a Vaca Preta);

mais Fazenda Sam João (anexa à Santo Antônio).

7) Fazenda do Pillar = Maravilha (24/out/1811 - 24/out/1811).

Vai da Grota dos Pereiras rio abaixo até a Fazenda Tronco. 

mais 6 posses na Fazenda Tronco. 

8) Fazenda do Boqueirão (2/dez/1811 - 2/dez/1811).

9) Fazenda Várzea (3/dez/1811 - 3/dez/1811).

11) Fazenda das Emboranas (4/dez/1811 - 4/dez/1811). 

12) Fazenda Sam Miguel (5/dez/1811 - 5/dez/1811).

13) Fazenda Caraíbas (6/dez/1811 - 6/dez/1811).

Mistiça com a Fazenda Sam Luiz

Terras (poces) na fazenda Tapera na Ribeira do Rio Puty, confinando com a Fazenda das Emboranas.

14) Fazenda Nova Olinda, criador = Vicente Ferreira Lopes (6/dez/1811 - 6/dez/1811, aqui vivia Joaquim da Paz).

mais 2 leguas de terras na Fazenda Nova Olinda;

mais 2 posses de terras na Fazenda Santiago, confinada na da Nova Olinda. 

15) Fazenda Novo Recreio (7/dez/1811 - 7/dez/1811). 

mais posse na Fazenda do Gameleira;

mais posse na Fazenda de Baixo;

mais posse na fazenda Tapera. 

16) Fazenda Canabraba (7/dez/1811 - 7/dez/1811).

17) Fazenda Cais (9/dez/1811 -b 9/dez/1811).

mais posse na Fazenda Olho D'água no lugar Corralinho. 

Observação: em 9/dez/1811 o juiz estava em Marvam em sua residência. 

1) Fazenda Buqueirãm (9/dez/1811 - 9/dez/1811).

Luiz Satírico Carreira de Mello inventariante na Fazenda Boqueiram foi a Marvam dizer que havia esquecido bens na Fazenda Boqueiram:

mais 1 légua na Fazenda Sam Domingos.

Custo: 

Ribeira de Caratheus além Serra Grande:

Fazenda Pelo Sinal à do Jucá (9 leguas);

Fazenda do Jucá à Fazenda Serrote (16 léguas);

Serrote à Sam Luiz (4 léguas);

Sam Luiz à Riacho do Mato (7 léguas);

Riacho do Mato à Santo Antônio (3 léguas);

Santo Antônio à Maravilha ou Pillar (3 léguas).

Total de 42  léguas.

Aquém da Serra Grande: 

Marvam à Fazenda Boqueiram (7 léguas);

Buqueiram à Varzea (Vargea) (10 léguas);

Vargea às Emboranas (9 léguas);

Emboranas à Sam Miguel (4 léguas);

Sam Miguel às Caraíbas (3 léguas);

Caraíbas à Nova Olinda (2 léguas);

Nova Olinda ao Novo Recreio (5 léguas);

Novo Recreio à Canabraba  (1 légua);

Canabraba à Fazenda Cais (13 léguas). 

Total de 54 léguas. 


Em recente viagem de carro que fiz de Castelo do Piauí até Independência no Ceará, passando por Buriti dos Montes e Crateús, identifiquei a seguinte rota parcial relativa ao Inventário de Luis Carlos da Serra Negra feita pelo  juiz do Inventário em Castelo do Piauí, ANTONIO JOSÉ NUNES BONA: 

Independência (CE), Fazenda Jucá (Riacho Jucá), Fazenda Serrote (ao norte de Crateús, Serrote, Curral Velho), São Luis, Riacho do Mato, Santo Antônio, Maravilha (ou Pillar). 

Brevemente, algumas dessas fazendas passarão novamente para o Piauí, em virtude de uma ação judicial que está tramitando no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF, relativa ao litígio entre os estados do Piauí e do Ceará. Objetivando comemorar estes notáveis feitos, propomos a realização de uma "CAMINHADA DA JUSTIÇA", a qual realizaremos, por qualquer meio de transporte, dentro de cada área de abrangência dos diversos juízos hoje contidos nesse vasto território da velha Vila de Marvam do Piauí, passando pelos mesmos lugares por onde passou o Juiz ANTONIO JOSÉ NUNES BONA em 1811 acompanhado do escrivão de seu cargo (este, iniciou como interino e terminou como permanente no cargo!).

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Mais médicos" desde 1811

Semana passada uma aluna de jornalismo da UFPI, que está fazendo uma pesquisa jornalística sobre Luis Carlos da Serra Negra (https://www.google.de/#q=demoniza%C3%A7a%C3%B5+e+mitifica%C3%A7%C3%A3o+de+luiz+carlos&spell=1), perguntou para mim porque demonizaram Luis Carlos. Respondi que havia sido por questões políticas. Vejo reforçada esta resposta pelo seguinte fato: a primeira providência de Luís Carlos como membro executivo da junta trina  da capitania piauiense recém-separada politicamente do Maranhão, foi enviar ao rei D. João VI pedido de mais médicos para o Piauí (Requerimento Nº 1), pois só haviam dois, os quais não eram suficientes para atender tanta gente. Ele não pedia cubanos, mas qualquer um, de qualquer lugar. E não exigia revalida. Vejam o documento, tão "atualzinho".
 
 
Primeiro ato administrativo de Luis Carlos da Serra Negra. Fonte APPI
 
Eu havia tirado esta foto no APPI em 09/12/2006 porém, nunca  havia lido este documento. A entrevista que dei ao jornal Estado de São Paulo sobre o Luis Carlos foi consequência de uma matéria que o Blog da Garoa veio fazer sobre o programa Mais Médicos. O prefeito de Santa Cruz dos Milagres, onde está a fazenda Serra Negra de Luis Carlos, foi o primeiro do Brasil a requerer à nossa atual Rainha, os médicos cubanos (http://blogs.estadao.com.br/blog-da-garoa/casarao-da-serra-negra-do-seculo-18-ameacado-de-desaparecer-no-interior-do-piaui/). Luis Carlos, pouco tempo após o seu pedido, ganhou a mais estranha das mortes. O atual prefeito de Santa Cruz dos Milagres, com certeza terá mais sorte. Entretanto, a falta de médicos continua.
 

sábado, 20 de julho de 2019

As fortunas de Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar e de Dom José Tomás de Menezes foram para São Luís-MA

Logo abaixo do quadro das efemérides há um edital de trinta dias onde a Justiça do Maranhão chama os interessados e mormente os descendentes dos irmãos de Luzia Perpétua, viúva de Luis Carlos da Serra Negra, para se habilitarem na imensa herança deixada pelo filho dela com Luís Carlos da Serra Negra, o homônimo Deputado da Real Junta do Tabaco, Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco, o qual havia falecido em Lisboa, sem descendentes no dia 13/01/1885. Li um jornal de Lisboa, de janeiro de 1885 noticiando o seu falecimento e dizendo que ele deixava imensa fortuna. Se os maranhenses tiverem herdado este dinheiro todo, tal fato justificaria plenamente a força política do Maranhão nestes últimos 134 anos. Pela lei, esta herança devia descer pelos descendentes de Luís Carlos da Serra Negra, também. E eles eram muitos, muitos legítimos, como eram os descendentes de Claro Luís e Vasco José. Os irmãos legítimos de Luís Carlos da Serra Negra e filhos legítimos destes existiam, muitos. Alguma descendência do nosso governador morto nas masmorras do Maranhão, João Leite Pereira de Castelo Branco, era legítima e poderia herdar? O que mais filhos teve foi o famoso Capitão Mor de Valença, Antônio José Leite Pereira Castelo Branco, mas seus filhos foram todos naturais. Existe grande mistério nisso, mas a história é implacável. Sempre chega a hora da verdade. E a verdade diz que até nisso o Piauí se lascou!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Heróis do Jenipapo



       Podem até negar a nós o que é nosso, o nosso 
salário, mas não podem retirar de nós o que 
nós somos, professores.

                                                                                                                    
A frase acima refere-se à greve dos professores, os quais foram os primeiros, este ano, a ensinar que os servidores devem fazer greve, protestar contra a hipocrisia do uso da educação. Estão faltando notícias, mormente as específicas dos supostos graves problemas do IFPI, acerca das quais eu darei notícias brevemente. A nós, portanto, só restaria requentar as já existentes, escrever "abobrinhas", algo técnico-científico ou filosofar um pouco. Prefiro filosofar, pois, afinal, hoje é o dia de nossa festa maior, a de nossa independência do Reino de Portugal. 


Tendo este blog o mesmo nome de nosso estado, e sendo o nosso Piauí o único no qual realmente houve guerra pela independência, quero compartilhar com os meus leitores um pouco das informações que consegui aleatoriamente a respeito desta guerra enquanto estudava a genealogia dos habitantes do Piauí nos arquivos brasileiros e portugueses.


Em 11/10/1712 uma cristã nova do Rio de Janeiro de nome Brites da Costa, de 24 anos de idade, foi presa pela inquisição e condenada a cumprir abjuração em forma, cárcere e hábito penitencial perpétuo, penas e penitências espirituais em Lisboa. Seu marido era um jovem Cavaleiro da Ordem de Cristo, o cristão-velho José de Abreu Bacelar. Minhas pesquisas apontam no sentido de que este José de Abreu Bacelar veio cumprir degredo no Piauí em 1717.  Em 02/04/1734 é registrado o batismo de Catarina filha de Ana, escrava de José Pereira de Abreu Bacelar na freguesia de Nossa Senhora da Vitória (Oeiras). 


Em 1735, Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar, irmão de José, vem para o Brasil como Capitão-Mor de Parnaíba, ano em que recebe sesmaria nas Ihas Canárias (foz do Parnaíba). Antes disto morava na Casa da Bréia (http://www.casadabreia.com/ e http://www.youtube.com/watch?v=uvK2Jbbn2lU), berço dos Abreus Bacelares em Portugal e que constitui o análogo à Casa da Serra Negra no município de Aroazes-PI (http://www.fnt.org.br/artigos.php?id=632 e http://www.trivago.com.br/arcos-de-valdevez-51123/hotel/casa-da-breia-35104/fotos). Em 1738 tira carta de brasão de armas ea partir desta data, não mais recebe sesmarias reais, pois desnecessárias. Em 31/08/1746 na casa de retiro da fazenda Serra Negra, distrito da vila da Moucha, o capitão-mor, em companhia de sua esposa Arcângela Úrsula de Castelo Branco troca a fazenda das Titaras em Campo Maior pela Fazenda de São Nicolau de Baixo da freguesia de Nossa Senhora da Conceição (Valença). Este casal teve os seguintes filhos: 1º) Félix José Leite Pereira de Castelo Branco (nascido antes de 1749); 2º) Antônio José Leite Pereira de Castelo Branco (nascido antes de 1749); 3º) João Leite Pereira de Castelo Branco (*1749, +1814); 4º) Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar (*1754, +1811); 5º) Pedro Luís Pereira de Abreu Bacelar (*1760, +1802).


E o que é que este pessoal tem a ver com você, leitor cujas raízes estão no Piauí? Um destes cinco pode ser bisavô de algum de seus bisavós, com uma probabilidade mínima de 10%. Mas a parte mais interessante é que a genealogia deles é uma genealogia perdida. Sumiram os registros de nascimento, casamento e óbito deles e, relativamente às suas genealogias descendentes, em todas as correntes faltam elos.


Em 1758 os jesuítas fizeram uma inquisição contra cinco escravas de casa (índias, negras e mestiças. Mott, http://seer.bce.unb.br/index.php/textos/article/viewFile/6055/5013) na casa de José de Abreu Bacelar em Nossa Senhora do Livramento (Parnaguá). Dois anos após este fato José estava morto e, os jesuítas, expulsos do Reino de Portugal. Nesta pendenga não se sabe o que ocorreu com os registros de Nossa Senhora da Conceição dos Aroazes relativos ao período 1739-1809.
Em 1811 o coronel de milícias Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, chefe das armas do Piauí e membro da junta trina provisória desta capitania recém-separada do Maranhão, seguindo os passos de Carlos Cezar Burlamaque, entra em rota de colisão com D. João VI. Desaparece misteriosamente no mesmo ano. No testamento riquíssimo (conforme palavras do próprio D. João VI), deixa herança isonômica entre os filhos naturais legitimados mestiços Claro Luís Pereira de Abreu Bacelar, Vasco José Pereira de Abreu Bacelar, Arcângela Pereira de Abreu Bacelar (filhos de Narcisa Pereira) e outros, com os dois legítimos e muito nobres (descendentes da casa real) filhos que teve com Luzia Perpétua Carneiro de Souto Maior Bacelar, sua viúva.


A viúva, já em vias de se casar com o então governador do Maranhão (de quem já esperava uma filha), bem como os poderosos irmãos dela, não aceitam este testamento. Dom João VI o anula, de fato, em 1813. Mas o conflito permanece. Em 1815, após tentativas frustradas, a viúva consegue se casar com D. José Tomás Eça e Meneses na Lacedemônia (Grécia). Em 17/09/1817 D. João VI estabelece provisão leonina sobre as mais de 40 fazendas de gado de Luís Carlos da Serra Negra, deixando apenas 10% das rendas das fazendas no Piauí para manutenção das mesmas e pagamento do administrador delas, o Ouvidor Geral. Houve muita revolta das autoridades piauienses, mormente dos parentes de Luís Carlos. Alguns foram mortos, como é o caso de seu irmão João Leite e o seu filho Antônio Luís Pereira de Abreu Bacelar. Outros tiveram que fugir para a região de Pilão Arcado onde vivia Félix José, como é o caso de todos os filhos do coronel João Leite, governador do Piauí que, após ser preso em 1814, faleceu nas masmorras de São Luís do Maranhão. Vejamos um trecho da acima citada provisão real:

“Que havendo-me reprezentado Dom Joze Thomáz de Menezés, por cabeça de sua Mulher Dona Luzia Perpetua Carneiro de Souto Maior, e como tutor dos seus entiados menores Dona Archangela, e Luiz, os gravíssimos prejuízos que lhes tem causado os officiais da Provedoria do Defuntos, e Auzentes da Capitania do Piauhy, combinados com os Filhos bastardos do primeiro Marido de sua Mulher o Coronel Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar, os quaes com pretexto de se achar aquella auzente em Lisboa, quando este falesceu se meterão de posse de todos os bens, que delle ficarão naquella Capitania, sem embargo de haver ali Procuradores por ella legitimamente nomeados, e com reconhecida malicia dispuzeram arbitrariamente dos trastes de Ouro, prata, moveis, fazendo-se senhor delles por interpostas pessoas que [...]ladamente [...] [...], para lhes entregarem, e inventando atificiozos meios de tirarem a vultozos salários, já com a venda dos mesmos bens de[...]rais, que a porião em effeito se lhes não fosse a tempo obztada, já ad’metindo justificaçoens graciozas, para pagamento de dividas, sem a necessária audiência dele suplicante, de sua Mulher, e do Curador dos menores, alem de [...] o costeio, e manutenção das fazendas, cura, tratamento, educação, vestuário, e sustento da numeroza escravatura, de maneira que com semilhantes dilapidaçõens e com tão notável desleixo, e abandono, em breve tempo será de todo arruinado e aniquilado hum requicimo Patrimonio".

Notem que o uso político hipócrita da educação e da saúde é coisa muito antiga no Brasil e, nossa maior independência, só ocorrerá quando nos livrarmos do uso abusivo desta prática. Vejamos parte da anulação do desaparecido testamento de Luís Carlos:

O Escrivão da Provedoria da fazenda dos Defuntos e Ausentes, Estevão Vicente Costa, declara o teor da Sentença que julgou nulo o Testamento do falecido Coronel Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar.
...
“Estevão Vicente Costa, escrivão da Provedoria da Fazenda dos Defuntos e Auzentes desta Comarca, etc.
Certifico que revendo o testamento com que faleceu o Coronel Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar nelle a folhas dezoito the verço se acha a sentença do theor forma e maneira seguinte = Hei por nullo e senenhum vigor o prezente testamento pelas imensidades de leis que atropela o Testador já testando contra razão natural, e direitos do matrimonio e de seos filhos legítimos, xamados a herança com iligitimos, e havidos de desvairadas mancebas sem nobreza alguma, gozando o mesmo Testador della, já despondo da terça ou de mais della contra o genoino expirito da geles digo expirito da legislação moderna de quase toda a Europa civilizada, e da nossa legislação pátria bem terminantemente declarada nas Providentíssimas Leis de vinte cinco de junho de mil setecentos e cecenta e seis, de nove de setembro de mil setecentos e secenta e nove, e na de vinte de maio de mil setecentos e noventa e seis. Pelo que ficando sem vigor este nullo testamento, fique o direito salvo aos legítimos herdeiros auzentes de requerer o que lhes convier, entretanto ao Thesoureiro cumpre por obrigação de seo offício continuar na arrecadação de todos os bens de quaisquer das expecias, e requerer sobre todas as nulidades extravios, pena de responsabilidade por qualquer leve omissão, e que pague a herança as custas. Oeiras, vinte e nove de Outubro de mil oitocentos e onze = Luiz Joze de Oliveira”. [Estevão Vicente Costa, em 24/07/1818, nos autos de tutela e curatela relativos ao falecimento de Dom Joze Thomaz Eça de Menezes].

D. José Tomás faleceu em 1819 e a briga entre a "biviúva" e os parentes que restaram de Luís Carlos não acabou. Em 1823 Manoel de Sousa Martins, o qual havia sido um antigo aliado de Luís Carlos da Serra Negra, envia para os filhos de João Leite em Pilão Arcado, em carta endereçada a Liberato José, então capitão-mor daquela região sertaneja, pedido de socorro. Este envia "gratuitamente" várias centenas de soldados. Outro filho de João Leite, Antônio José Leite Pereira de Castelo Branco, organiza o sistema de operações encobertas e, Claro Luís Pereira de Abreu Bacelar, coordena todas as ações de combate. Este oficial recebeu de D. Pedro I uma das primeiras medalhas da Ordem do Cruzeiro, por ter sido o único oficial a participar de todas as fases da guerra. Após comandar o cerco a Caxias a partir da Vila Velha do Poti (Dez anos depois o seu irmão Clementino Luis Pereira Brasil fundaria a cidade de Teresina com o nome de Vila Nova do Poti) sofreu tentativa de assassinato por parte das tropas ocupantes do Ceará (tropa de ocupação é coisa séria!). Foi assassinado após o levante da Confederação do Equador e foi enterrado com sua medalha, à qual os avaliadores atribuiram o  "justo valor" de 25 mil réis (cinco cavalos). Seu irmão, o capitão Vasco José, estava sob as ordens de Fidié (este, vaidosamente não o cita nominalmente, mas a ele se refere em seu livro) e foi o protagonista do famoso "roubo da bagagem do Fidié". Não roubou coisa nenhuma, apenas aproveitou o momento da Batalha do Jenipapo para passar para o lado do irmão mais velho, Claro Luís. Levou o que era dele, é claro, inclusive alguns de seus comandados, pois era capitão das milícias fundadas por seu pai, agora sob as ordens de Fidié. Este era um herói nacional em Portugal e, inclusive, foi convidado por D. Pedro I para ser um dos comandantes militares do Brasil (infelizmente não aceitou). Depois da guerra, Vasco José enviou ofício pedindo o restante de sua bagagem.


A história sempre nos prova que não existe guerra, inclusive entre nações, sem "guerra" entre pessoas pelo domínio dos bens materiais. Esta é a explicação do motivo pelo qual o Piauí realmente foi palco de uma sangrenta guerra, com cerco a Caxias por mais de três meses (a Faluja brasileira, várias vezes sitiada). Os parentes de Luís Carlos queriam reaver o que era deles. Eles queriam "ir prá cima" de São Luís, ou pelo menos até o sítio Barbados, sede do poder dos irmãos da viúva. No entanto, a viúva, que estava bem próxima do poder central, negociou. Por mar alguns profissionais de guerra marítima ingleses, cujo capitão declarou não entender a independência do Brasil, foram para São Luís e, por terra, vieram os cearenses. No final do período joanino a viúva detinha o controle do império, pois possuia forte influência sobre Tomás Antônio de Vila Nova Portugal, o mais poderoso ministro brasileiro de todos os tempos e que morreu "lascado", enquanto a viúva, não. No Itamaraty há várias cartas dela para D. João VI e Vila Nova Portugal descrevendo compra e venda de quadros, cobranças e prestações de contas relativas a construções de prédios a mando de D. João VI, alguns na Ponta do Cajú, no Rio de Janeiro. Algumas destas cartas, escritas na própria casa do poderoso ministro.


Após o assassinato de Claro Luís, que morreu como chefe militar máximo do Piauí, o então presidente da província passou a ser o procurador da viúva, a qual foi morar em Portugal num belíssimo palácio na Rua São José, 204 em Lisboa. 
 Rua São José 204, Portugal

E, "todo ano", vendia uma fazenda. Este procurador governou até o final da Balaiada, a qual foi outra guerra desencadeada pelos Castelo Branco para tirá-lo do poder. Mas ele morreu bem velhinho. Quanto à viúva, a última notícia que tive dela foi em 1847 na Associação Consoladora dos Aflitos em Lisboa, como associada beneficente dos pobres aflitos. Ela não teve bisnetos. Luís Carlos da Serra Negra teve muitos descendentes e, um deles, pode ser você.
 
Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco, filho de Luiz Carlos e Luzia Perpétua.  http://www.geneall.net/img/pessoas/pes_12602.jpg
Quanto a Claro Luís, o qual é o nosso grande herói nacional piauiense, a última notícia que tive dele foi a descrita abaixo:

"No arquivo público estadual da Bahia em Salvador, na carta precatória de classificação 32/1139/1, consta que Claro Luiz Pereira de Abreu Bacelar faleceu em Campo Maior e teve testamento aprovado em nome dos filhos Luiz, Belizário, Henriqueta, Claro e Delfino. Luiz e Belizário haviam sido enviados para estudar em Salvador aos cuidados de Francisco Xavier Leão. Quando surgiram as primeiras escolas públicas no Piauí o Coronel Inácio de Araújo Costa, tutor dos menores, envia em 11/05/1831 Joaquim José Teixeira para buscá-los, mas Xavier Leão, de quem Luís Carlos da Serra Negra foi sócio e fiador na arrematação dos dízimos de Marvão no período 1788-1790, não os entregou. No testamento do Coronel Claro Luiz este também diz que “o filho de Francisca Cryolla herdará igualmente com os filhos legítimos por não haver entre ele e a cryolla Francisca impedimento algum”. Eis o registro de nascimento":

“Ao primeiro de janeiro de 1828 nesta Matriz de Santo Antonio de Campo Maior baptizei solenemente e pus os santos oleos o inocente Claro filho natural do falecido Tenente Coronel Claro Luiz Pereira de Abreu Bacelar e de Francisca da França, forão padrinhos o Capitão Antonio Lopes de Castello Branco e Silva e Dona Liduina Roza de São Joze; do que para constar fis este asento e o asignei = Fr Joaquim Jeronimo Castro Vigário Encomendado”. (MIRANDA, Lossian B. B, [1]).


O grande herói da terra da miscigenação é, também, herói da diáspora africana. Tal como nos é contada nos meios menos esclarecidos, a história política colonial piauiense não faz muito sentido, fica parecendo uma versão mal feita da morte da jovem Fernanda Lages. Inserindo Luís Carlos da Serra Negra na história do Piauí tudo se encaixa, tudo fica transparente, obedecendo ao princípio de causa e efeito.

REFERÊNCIAS

1. BRANDAO, Carlos Augusto P; MIRANDA, Lossian B. B. Demonização e Mitificação de Luís Carlos da Serra Negra. Pré-publicação do XI Encontro Nacional de História Oral - Memória, democracia e justiça, UFRJ. Associação Brasileira de História Oral, 2011.
Lossian Barbosa Bacelar Miranda. lossian@oi.com.br 



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Os Autos de Justificação do Coronel Serra Negra e a Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar


Lossian Barbosa Bacelar Miranda / lossian@oi.com.br
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí

Resumo: Comentamos acerca da Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor de Parnaíba e vila de Valença do Piauí, Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar.
Palavras chave: Genealogia, Carta de brasão de armas, Colonização do Piauí.


Introdução

Em 12/08/1776 o capitão Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, o moço, [veja ANEXO 1] vulgarmente conhecido como Luís Carlos da Serra Negra, o primeiro governante da Capitania independente do Piauí (foi o membro executivo da junta trina estabelecida por D. João VI para governar o Piauí separado do Estado do Maranhão), envia requerimento para D. Maria I de Portugal pedindo a patente de coronel. Neste requerimento, anexa vários documentos. Entre eles, os seus próprios Autos de Justificação feitos em 1776, e dentro destes, a Carta de Brasão de Armas de seu pai, o Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, a qual estava perdida, segundo os genealogistas Bueno e Barata (referimo-nos ao livro Dicionário das Famílias Brasileiras).


1. Autos de Justificação de Luís Carlos da Serra Negra

A seguir, transcrevemos os principais trechos dos Autos de Justificação de Luís Carlos da Serra Negra:

“Diz o capitam Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, desta comarca, que a bem seu perciza, por certidao’ao pé desta o theor de huns Autos de Justificaçao´que elle suplicante deu neste Juizo, sobre as qualidades de seus progenitores, servissos de seu falecido Pay o capitam Mór Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, e o mais que contem os artigos da sua Justificaçao’.

Para o Senhor Ouvidor geral seja servido mandar que o Escrivaam dé ao suplicante o theor dos Autos sobreditos de verbo ad verbum, em modos que fassa fé.

Assinatura: Feliz.

Feliz Jozé de Miranda Escrivao’ da Ovedouria geral e coreiçao’ nezta cidade de oeiras e toda a sua comarca de São’ Joze do Piauhy por Provizao’ do Ilm.º governo della, etc. Certifico e dou fé que ao Autos de Justificaçao’ de que trata o Requerimento Retro em virtude do despacho supra achey os ditos Autos com o theor de verbo ad verbum da forma maneira seguinte = Anno de mil sete centos e setenta e seis Oeiraz do Piauhy Ouvedoria geral = Autos civeiz de Justificaçao’ em que hé justificante Luís Carlos Pereira de Abreu Barcelar – Escrivao’ Pereira e de Silva = Anno do nascimento de Nosso Senhor Jezus Chrizto de mil sete centos e setenta e seiz annos aoz vinte e coatro dias do mês de Maio do dito anno nezta cidade de Oeiras do Piauhy em o meu escriptorio Autuey huma petisao’ do justificante Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar e com ella juntey huma sua inquiriçao’ de testemunhaz para o feito de lhe ser feita comcluza e julgada por Centença o que tudo hé o que adiante se segue de que para conztar fis este Autuamento Eu Joao’ de Couto Pereira Escrivao’ da ovedoria geral e correiçao’ que o Escrevy. Petiçao’ // Senhor Doutor ouvidor geral e Juis das Juztificasoniz = Diz Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar que para bem de seus Requerimentos lhe hé percizo juztificar Perante voçeminçe os Iténz seguintes Primeiro que o Justificante hé filho legitimo do Capitao’ Mor Luiz Carlos Pereira de Abreu bacelar e Donna Arcangela Vursula de Caztel Branco tao’ destinto pela parte Paterna como conzta dos seus Brazoniz Registados no Livro da Camera dezta cidade e pela parte Materna tao’ ilustre como decendente da Iluz trisima Caza dos Condes de Pombeiro, como tudo he publico nezta capitania; Segundo Item que o Pay do Juztificante seriu o Pozto de capitao’ mor da villa que hé hoje de Sam Joao’ da Parnaiba desde o anno de quarenta e tres como conzta da Patente do general do Estado; Terceiro Item que mudandose o Pay do justitificante para o destrito da vila de Valença, logo que ezta se criou em vila foy feito capitao’ mor dela por Patente do Ilm.º governo desta Capitania; Quarto Item que sendo promovido ao dito Pozto de Capitao’ Mor criou todos os poztos das suas ordenanças passandolhez repetidas mostraz longe de sua caza e a sua cuzta sem dezta deligencia perceber de sua Magestade merçe Alguma; Quinto Item que sendo recomendado ao pay do justificante a prizao’ e condussao’ de muitos prezos que se percizavao’ para o serviso da fortaleza do Macapá o Pay do Justificante não’ só prendéo e remeteu os de sua jurisdiçao’ como das demais vilas dezta capitania; Sexto Item que para a guerra dos gentioz Barbaros comcorreu o Pay do justificante com douze cavalos muito bons e grande soma de gados tudo de grassa e por beneficio do serviso de sua Mageztade; Setimo Item que o pay do justificante sempre executou prontamente az ordenz deste governo com fedelidade e enteireiza sem de todo ezte servisso ter tido recompenssa alguma = Pede a voçiminçe seja servido ademitir ao suplicante a justificasao’ ao deduzido e juztificado que baste mandar darlhe sua Çentença de juztificasao’ pelas vias que puder e recebera Merçe = Justifique Durao’ = ...” [Fonte: AHU_ACL_CU_009, Cx.91, D.7559].

OBSERVAÇÃO: em seguida, na cidade de Oeiras do Piauí no dia 23/05/1776, o Ouvidor Geral Antônio José de Morais Durão e o escrivão de seu cargo, João de Couto Pereira, registram a inquirição das cinco testemunhas, as quais pouco acrescentam ao já afirmado pelo Capitão Luís Carlos, o moço. Eram elas:

Miguel do Rego Barboza: diz ter visto os brasões e que o capitão mor ocupou tal cargo até o seu falecimento;
Antonio Joze de Queiroz: de 62 anos de idade, advogado em Oeiras, tenente de cavalaria, diz que o Capitão Mor mudou-se para a sua fazenda da Serra Negra logo que foi criada a vila de Valença por João Pereira Caldas, e que antes era capitão mor de Parnaiba. Diz também que o mesmo foi capitão mor de Valença até seu falecimento;
Joze Esteves Falcão: tenente de cavalaria auxiliar solteiro, morador de Oeiras, almoxarife da Real Fazenda, 62 anos de idade. Diz que o capitão mor se mudou de Parnaiba para a Serra negra logo que Valença se tornou vila;
Antonio do Rego Castelo Branco: casado, morador em Oeiras, 28 anos de idade, Ajudante do Regimento Auxiliar, diz que Dona Arcângela Úrsula de Castelo Branco é sua tia. Afirma que o capitão mor mudou-se de Parnaiba para a sua fazenda da Serra Negra na “Freguesia dos Aruázes” e que logo que tal freguesia se criou em vila de Valença foi o capitão Luís Carlos feito Capitão Mor dela por patente que lhe deu o governador da Capitania, o general do Pará João Pereira Caldas;
Antonio Carneiro da Cruz: morador em Oeiras, solteiro, alferes, tesoureiro da fazenda dos Defuntos e Ausentes, 41 anos de idade. Nada acrescentou ao já dito pelas demais testemunhas.


2. A Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar

Como o grande terremoto de 1755 em Lisboa destruiu os prédios onde muitas cartas de brasões estavam arquivadas, poucas são as cartas anteriores a este período. Inclusive, muitas delas se perderam para sempre. Vejamos o que nos dizem os grandes especialistas brasileiros da área, no que diz respeito à família Abreu Bacelar:

Abreu Bacelar: Antiga e importante família originária de Portugal estabelecida no Piauí, à qual remontamos a Baltazar de Abreu Bacelar, que tirou Carta de Brasão de Armas, no ano de 1586. Filho de Domingos Gonçalves Caminha e de Leonor Rodrigues Bacelar. Deixou numerosa descendência do seu cas. com Maria de Eça da Rocha. Entre os descendentes do casal, registram-se: I - o filho, José de Abreu Bacelar, membro do Conselho Geral do Santo Ofício de Lisboa; II - a filha, Clara de Abreu Bacelar, que deixou importante descendência do seu cas., a 17.08.1626, em S. Clemente de Bastos, com Gonçalo Falcão; III - a neta, Leonor de Abreu Bacelar, filha da anterior. Deixou importante descendência do seu cas. com Bento Ferreira de Moraes, Senhor da Quinta do Outeiro, na Freg.ª de São Pedro de Alvite, em Cabeceiras de Basto. Filho de Pedro Alvares Cardoso; IV - o bisneto, José de Abreu Bacelar, filho da anterior, que passou ao Brasil, onde foi proprietário e muito rico, deixando seus bens, ao seu irmão Luiz Carlos; V - capitão-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar, irmão do anterior, que tornou-se o patriarca desta família, no Piauí - detalhes adiante. Brasil: Importante família estabelecida no Piauí, para onde passou o capitão-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar [c.1721, Portugal -], bisneto daquele patriarca, Baltazar de Abreu Bacelar, citado acima. Herdeiro dos bens de seu irmão José de Abreu Bacelar. capitão-mor de Ordenanças na Cidade do Maranhão, onde foi Senhor da casa de Serra Negra. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas, da qual se desconhece o conteúdo, mas, que certamente, deverá citar as armas que se passou, em 1586, a seu bisavô. Deixou numerosa descendência do seu cas. com Arcangela da Cunha Mesquita de Castelo Branco, neta de Francisco da Cunha Castelo Branco, patriarca desta família Castelo Branco (v.s.), no Piauí. Foram pais, entre outros, do coronel Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar [c.1751 - ?], conhecido por Luiz Carlos da Serra Negra, coronel comandante da 5ª Companhia do 1º Regimento de Cavalaria Auxiliar de Oeiras, Piauí. Fez parte da Junta do Governo Interino do Piauí [1811-1814]. Cavaleiro da Ordem de Cristo. Deixou geração do seu cas. com Luzia Perpétua Carneiro Souto Maior, filha de Aires Carneiro Homem de Souto Maior, Cavaleiro da Ordem de Cristo e Coronel de Milícias do Maranhão, e de Maria Joaquina Belford. Foram pais, estes últimos, de outro Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Moço Fidalgo com exercício no Paço. Deputado da Real Junta do Tabaco. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas - detalhes abaixo. Heráldica- Século XVI: Baltazar de Abreu Bacelar, citado acima. Brasão de Armas datado de 1586: um escudo partido em pala; na primeira, as armas da família Abreu (v.s.); na segunda, as armas da família Bacelar (v.s.). Brasil Heráldico: Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco - citado acima. Brasão de Armas datado de 24.05.1830. Registrado no Cartório da Nobreza, Livro VIII, fl. 251: um escudo esquartelado com as armas das famílias Abreu (1.º quartel), Bacelar (2.º quartel), Castelo-Branco (3.º quartel) e Souto Maior (4.º quartel)” [BARATA e BUENO. Dicionário das Famílias Brasileiras. Grifos nossos].

Informamos aos ilustres autores, e a todos os outros que engrandecem a genealogia brasileira, que nossas exaustivas pesquisas nos permitiram, a partir das científicas informações prestadas na magistral síntese que eles fazem acerca da evolução histórica de nossa família, localizar a Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar.

Quando o Capitão Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, o moço, solicitou à rainha D. Maria I de Portugal a patente de Coronel em 1796 ele anexou ao pedido o traslado da Carta de Brasão de Armas de Seu homônimo pai, tirada em Lisboa em 1738 e registrada no Arquivo da Câmara de Valença do Piauí. A seguir, transcrevemos o inteiro teor da mesma, salvos pequenos trechos que julgamos discriminatórios para as normas atuais.

“Diz Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, capitam da Cavalaria Auxiliar, que elle suplicante perciza que o Escrivao’ deste juizo lhe passe por certidao’ o teor da carta de blazoens de Armas do pay do suplicante, que se axa registado no livro deste juizo, e como o Escrivão o não pode fazer vim despaxal.

Joao’ de Souza Estrella, tabeliao’ do publico judicial e notas, Escrivam da Camera e Orfaons, e mais Officios anexos nesta Villa de Valença do Piauhy, e seu Termo por Provizam do Ilustrissimo Senhor governador da Capitania, etc. Certifico e porto fé, que revendo o livro primeiro de registos, que atualmente serve nelle a folhas sete te folhas onze axei o registo da carta de blazoens de Armas de que a petiçao’ retra faz mençao’ da qual o seu teor he o seguinte..........

Copia dos blazoens de Armas, que mandou lançar neste livro Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar o mosso; que mandou lançar pela pessoa de Antonio Caetano Borges como abaixo se declara, etc.

Dom Joao’ por graça de Deos, Rey de Portugal, e Algarves da quem e dalem Mar em Africa Senhor de Guiné da Conquista Navegaçao’ do Comercio da Etiopia Arabia, Persia e India, etc. a quantos esta minha Carta virem fasso saber que Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar natural da Freguezia de Sam Pedro de Alvite Concelho de Cabeceira de Basto, Comarca de Guimaraens Arcebispado de Braga, me fez petiçao’, e como elle descendia, e vinha de geraçao’ e linhagem dos Leites, Pereiras, Abreus e Bacelares, e que suas Armas lhe pertenciao’ de direitos, e pedindome por merce que para memoria de seus antecessores senao’ perder, e elle usar e gozar da honra das Armas que pellos merecimentos de seus serviços ganharao’, lhe forao’ dadas assim dos privillegioshonras graças e merces, que por direito, e por bem delles lhes pertence lhe mandasse dar minha Carta das ditas Armas, que estavao’ registadas em os livros de Registos das ditas Armas dos Nobres Fidalgos de meus Reynos, que tem Portugal meu principal Reyno dei Armas a qual petiçao’vista por mim mandei sobre esta tirar Inquiriçao’ de testemunhas pello Doutor Manoel Guerreiro Camacho do meu Dezembargo, e meu Dezembargador, em esta minha Corte, e Caza de Suplicaçao’, Corregedor do Civel, em ela, e por Antonio Soares Guerreiro, escrivao’do dito Juizo, pellos quaes fiei certo, que elle prosede, e vem de geraçao’ e linhagem dos ditos Leites, Pereiras Abreus, Bacelares...............

Como filho legitimo do legitimo matrimonio de Bento Ferreira de Moraes e de Donna Leonór de Abreu Bacelar, neto pela parte Paterna de Pedro Alves Cardozo, e de Dona Maria Leite Pereira, e pela Materna de Gonçalo Ribeiro Falcao’ e de Dona Clara de Abreu Bacelar, e que tanto elles como seus Pays, Avós, e mais antepassados forao’ pessoas muito nobres, e como taes se tratarao’ sempre a Ley da Nobreza como o estado acha devido, e assim seus irmaos’ Rozendo de Abreu Leite Pereira cavalheiro profeço na Ordem de Christo, Sargento Mor da Comarca de Guimaraens e Capitao’ de Infantaria, que foi com destinçao’ na guerra proxima passada, o qualtirou Brasao’ de Armas Antonio Ferreira de Abreu Bacelar abade da Parroquial Igreja de Sam Pedro de Britello Comissario do Santo Officio Joze de Abreu Bacelar, e Teodozio Joze Pereira de Moraes, e he fama pública, que os seus antepassados servirao’ Cargos, e ocupaçoens de grandes honras, como foi Joao’ Leite Pereira Tio directo do Pay delle Suplicante servindo de Capitao’ de Infantaria, e Secretario da Embaixada a Corte de Castela, e Domingos de Abreu bacelar Tio directo da May do mesmo Suplicante, abade que foi de Sam Clemente de basto Comissario do Santo Officio, e seu Irmao’ legitimo o Doutor Joze de Abreu Bacelar, Provedor, e Vigario Geral, que foi do Arcebispado de Braga, e depois inquizidor da meza grande do Santo Officio, havendo nas suas Ascendencias muitas pessoas Religiozas, Beneficiados, Seculares com grandes ocupaçoens assim nos honrozos Cargos da Respublica, como nos postos militares, e se prova, que quanto mais atrás mais ilustre família hé, pello que se conhece a (.............) e antiga Nobreza que, o ilustra, sem que os seus ascendentes servisem nunca (.......), e que de direito as suas Armas lhe pertencem, as quaes lhe mandei dar em esta minha Carta com o seu Brazao’, Elmo e Timbre, como aqui são’ devizadas, e assim como fiel, e verdadeiramente se axavao’ devizadas, e Registadas em os livros dos Registos do dito Portugal meu Rey de Armas.......... A saber...........

Hum escudo esquartellado no primeiro quartel as Armas dos Leites, que vem a ser escudo, esquartelado no primeiro, e quarto quartel, tres flores de lis de Ouro em campo verdes, no Segundo, e terceiro em campo sanguinho hua cruz de prata vazia do Campo no segundo quartel as Armas dos Abreus, que sao’ em Campo sanguinho cinco coto de Azas de ouro poztas em (saus-tor???) com sangue nas cortaduras no terceiro quartel as armas dos Pereiras em Campo vermelho hua Cruz de prata floretada, e vazia do Campo, no quarto quartel as armas dos Bacelares em Campo de Ouro hum Bacelo Verde de duas vergontas retrocidas poztas em palla com quatro cachos de purpura, Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquifes dos metaes, e cores das armas Timbre, e dos Leites hua Cruz de prata vazia do Campo entre duas flores de lis verdes, e por diferença hua brica de prata com hum trifolio preto. O qual escudo Armas, e Signaes possa trazer, e traga o dito Luiz carlos Pereira de Abreu Bacelar, assim como a trocerao’, e delas uzarao’, seus antecessores, em todos os lugares de honra, em que os ditos seus antecessores, e os Nobres, e antigos Fidalgos sempre as costumarao’ trazer, em tempo dos meus esclarecidos Reys meus antecessores, e com elas possa entrar em batalhas campos retos, escaramuças, e exercitar com ellas todos os outros actos leitos da guerra, e pax, e assim as possa trazer em seus (firmaes???) aneis sinetes, e devizas, e as pór em suas cazas, edificios, e deixalas sobre sua propria sepultura, e finalmente se servir honrar, gozar, e aproveitar delas, em todo, e por toda como a sua nobreza convem, com o que quero, (..?), que haja elle, e todos os seus descendentes todas as honras Privilegios, liberdades, graças (...?) exceçoens e franquezas, que hao’ e deve haver os Fidalgos nobres e de antiga linhagem, e como sempre de todo uzarao’, e gozarao seus antecessores...............................

Pello que mando a todos os meus Corregedores, Dezembargadores, Juizes, Justisas, ides, e expecial aos meus Reys demais Arautos e passavantes, e a quaes quer outros Officiais, e pessoas a que esta minha Carta for mostrada e conhecimento delas pertencer, que em tudo lho cumprao’ e goardem, e fassao’ cumprir, e goardar como nela he contido sem duvida, sem embargo algum, que em ela lhe seja pozto, porque assim he minha mercê..................................

El Rey Nosso Senhor o mandou por Manoel Pereira da Silva, seu Rey darmas Portugal Fr. Manoel de Santo Antonio Religiozo da Ordem de Sam Paulo a fes em Lisboa Ocidental aos des dias do mez de Outubro do Anno do nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo  de mil e setecentos, e trinta e Oito, e vay sobscrita por Antonio Francisco e Souza Escrivao’ da Nobrezanestes Reynos e Senhorios de Portugal, e suas Conquistas e Eu Antonio Francisco e Souza a sobrescrevi // Rey darmas Portugal // Fica Registado este Brazão no livro Nono dos Registos dos Brazoens da Nobreza de Portugal, a folhas trinta e cinco // Lisboa Ocidental aos dez dias do mez de Outubro do anno de mil e setecentos, e trinta, e Oito // Antonio Francisco e Souza // E não’ se continha mais, nem menos couza alguma em oz ditos Brazoens do que o conteudo aqui escripto, e asignado, que eu Escrivao’ abaixo asignado, bem fielmente trasladey dos proprios, que tornei a entregar a aprte que mo deu, e de como os recebeu aqui comigo asignou, com os quaes Brazoens, e comigo mesmo este traslado comferi, concertei, escrevy e asigney nesta villa de Valença do Piauhy aos quatorze dias do mez de julho de mil e setecentos, setenta e sete annos, e Eu Antonio Joze de Torres Frazao’, escrivao’ que o escrevy // Antonio Joze de Torres Frazao’ // Antonio caetano Borges // E não’ se continha mais couza alguma em o dito Registo da Carta de Brazoens de Aramas do que o conteudo aqui escripto, e declarado, que Eu Escrivao’ ao diante nomiado bem fielmente fiz trasladar do proprio livro de Registo ao qual me reporto com o qual esta comferi, concertey fiz escrever, sobrescrevy e asigney nesta Villa de Valença do Piauhy aos nove dias do mez de Outubro do Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos e noventa e quatro annos, e Eu Joao’ de Souza Estrella Escrivao’ que o sobrescrevy.
                              
ASSINAURAS: ......................

Manoel Antunez da Assumpçao’ Ouvidor geral pela ley com alçada no Crime e Civel e mais cargoz anexos nesta cidade de Oeiras do Piauhy e toda a sua Comarca e nella juiz das justificacoens de india e mina, etc. Faço saber aos que a prezente Certidao’ de justificaçao’ virem que me conztou por fé do Escrivao’ do meu cargo que esta escreveu ser a letra do proprio Escrivao’ nella constado Joao’ de Souza Estrella o que hey por juztificado verdadeiro. Dado e passado nesta cidade de oeyras do Piauhy aoz 18 de 7br.º de 1795. Eu Feliz Joze de Miranda, Escrivao’ que o Escrevy [Fonte: AHU_ACL_CU_009, Cx.91, D.7559].


Referências

BARATA, C. E. A e BUENO, A. H. C. Dicionário das Famílias Brasileiras, 1999.
http://www.resgate.unb.br/



terça-feira, 2 de outubro de 2018

Luis Carlos da Serra Negra e Santa Cruz dos Milagres

Luis Carlos foi com os escravos até Santa Cruz dos Milagres. Duvidou e inicialmente se desfez dos supostos poderes milagrosos da Cruz de Madeira. Ao voltar para a Serra Negra teve problemas no braço, o qual começou a "secar". Luis Carlos então tornou-se devoto da Santa Cruz, fez a primeira Capela, de palha, e exigiu que a devoção à Santa Cruz fosse aceita. 

Esta história tem sido contada desde muito tempo pelos mais velhos. Ela é corroborada pelo comportamento que teve FIRMO DE ABREU BACELAR  ao sepultar seu filho ANTÔNIO (com 12 anos de idade) quando o mesmo morreu na Casa da Serra Negra. Firmo foi sepultá-lo em Santa Cruz dos Milagres. Porque ele fez isso, nunca soubemos.

sábado, 20 de julho de 2019

Feitos findos relativos a Luis Carlos da Serra Negra

Veja:





Posse de Luís Carlos da Serra Negra em 13/07/1811 em Oeiras-PI


Morte de Luís Carlos da Serra Negra ocorrida em 31 de agosto de 1811 e comunicada ao Governador do Maranhão em 13 de setembro de 1811.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Arquivo Morto do Cartório de Castelo do Piauí

Antes de falecer, o antigo tabelião do Cartório de Castelo do Piauí(não citarei seu nome para que esta pequena homenagem não seja confundida com apologia a servidor público!) me pediu para fazer um livro sobre Luís Carlos da Serra Negra, pois ele queria saber direito quem havia sido Luís Carlos. Julgo não ter realizado o desejo deste grande brasileiro. Não escrevi, ainda, o livro, só o artigo "DEMONIZAÇÃO E MITIFICAÇÃO DE LUÍS CARLOS DA SERRA NEGRA", publicado em 2012 no Rio de Janeiro pela Associação Brasileira de História Oral (http://www.encontro2012.historiaoral.org.br/resources/anais/3/1340394649_ARQUIVO_DemonizacaoENHO2012UFRJ.pdf). 

Muitos brasileiros vão fazer turismo cultural em Portugal, ver os arquivos da Torre do Tombo que fazem referências às suas famílias. E muitíssimas vezes esquecem que quase todos os documentos relativos ao Brasil que lá se encontram, também estão aqui, ou pelo menos deviam estar. A burocracia colonial, quase toda militarizada, beirava a perfeição. Para cada documento que ia, uma cópia ficava. Não haviam meninos pagãos, sem registro como existe hoje, fossem eles pretos, brancos ou mestiços. Só escapavam os índios selvagens. O "arquivo morto" do cartório de Castelo do Piauí, muito mais vivo do que todos nós juntos, conta toda esta história. Lá existem documentos fantásticos, como é o caso de parte do inventário de Luis Carlos da Serra Negra, feito em 1811. Neste documento pode-se ver como funcionava de fato, e em detalhes, o poder judiciário neste período. Tudo é descrito com grande precisão. Lendo o documento o operador do direito atual pode enxergar a viagem feita pelo juiz e todos os seus auxiliares, as dificuldades no percurso, o tempo gasto, a quilometragem, a grana para cada um, a localização das fazendas (muitas delas no que hoje é o Ceará!), os utensílios domésticos, a vida dos escravos e procedência dos mesmos, a vida dos vaqueiros, os antigos nomes dos rios e riachos, as tramas políticas... 

Com base na experiência adquirida digo sem medo de errar:



Se toda a história colonial contida no arquivo morto do cartório de Castelo do Piauí fosse responsavelmente colocada na INTERNET, tal como fazem os arquivistas da Torre do Tombo (http://digitarq.dgarq.gov.pt/), os próprios portugueses viriam a Castelo conhecer mais sobre a história dos seus ancestrais. Em pouco tempo o turismo cobriria todos os gastos.

Isto começa a ocorrer em São Luís do Maranhão, visitada por todo europeu que vem ao Brasil. Se não houver respeito à cultura, que haja pelo menos ambição. Afinal, é um bem durável que aumenta de preço à medida que vai ficando mais velho e usado. O antigo tabelião e seus ancestrais fizeram a parte deles. Cabe a nós fazer a nossa. 


Pedimos ao Tribunal de Justiça do Piauí / TJPI, ao CENAJUS e ao IPHAN que fiquem mais atentos à questão da preservação dos arquivos mortos das antigas vilas fundadas por João Pereira Caldas.

Lossian Barbosa Bacelar Miranda.
lossian@oi.com.br

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Luis Carlos da Serra Negra: imagens



Neste castelo, o principal de Mariana-MG, viveu D. José Tomás de Menezes, segundo marido de Luzia Perpétua Carneiro de Souto Maior Bacelar, viúva de Luís Carlos da Serra Negra.



Nesta capela, Nossa Senhora de Santana em Mariana-MG, erigida em pedras por João Caldas Bacelar, professava Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar como membro da Ordem de Cristo. No mesmo período Luis Carlos mandou erigir a capela de mesmo nome na fazenda Serra Negra em Valença-PI.